24.6.15

A salamandra alpina e o PDM



Do que consegui apurar, a salamandra alpina é a espécie cujo tempo de gestação é o mais prolongado de todos os que se conheciam. Uns módicos 3 anos e 2 meses. Quer dizer, era. Porque já não é. Agora, o recorde absoluto e, seguramente, imbatível por muitos e muitos anos é o da gestação de um PDM, em Loures, durante 15 anos e 2 meses.
De facto, a revisão do PDM de Loures teve início em Abril do ano 2000, com a gestão CDU da Câmara Municipal à época. O parto, por cesariana, teve lugar, em Junho de 2015, e coube à CDU, que regressou à gestão municipal 12 anos depois, a operação.
 
O PS teve portanto o nascituro, no saco amniótico, durante 12 longuíssimos anos. Na natureza, há uma explicação para tudo. Com o PS, não houve explicação para nada.
 
O PDM agora aprovado, teve ainda de ser alvo de um novo período de discussão pública – com o PS ninguém teria sido ouvido – e, com isso, introduzidas variadíssimas melhorias, tornando o documento menos mau do que se temia.
 
Não nos deteremos em detalhes técnicos, mas não pode deixar-se de assinalar a sua enfermidade estrutural, que é a de não ter qualquer visão ou rumo estratégico para o Concelho.
Ou seja, com o PS, não se conseguia perceber o que se queria ou para onde se ia. Apenas se consegue perceber que o documento procurava corresponder a uma amálgama de interesses privados e particulares.
Por isso, se sauda a iniciativa do actual Presidente da Câmara Municipal, Bernardino Soares que, não podendo (e não devendo) recomeçar um PDM de novo, avançou com melhorias ao documento, fê-lo aprovar e desencadeou os trabalhos da elaboração de um Plano Estratégico, com a organização de um “Loures em Congresso”.
O Loures em Congresso decorreu em 100 dias de seminários, debates, visitas, análises, diagnósticos e propostas e uma apreciável participação para as circunstâncias. O processo e metodologias e, sobretudo, os horários, estiveram longe de ser perfeitos, mas não há dúvida que constituiu uma oportunidade única de participação completamente aberta e voltada a pensar o futuro.
Painéis há, dos quais não se percebeu bem, na sessão de encerramento, que propostas apuraram para verter para o Plano Estratégico, mas certamente serão perceptíveis no relatório final do oportuno Congresso.
Do que se trata agora é de avançar com o Plano Estratégico, materializar desde já alguns dos projectos como o “Parque da Várzea e Costeiras”, a “Revitalização Urbana de Camarate, Loures, Moscavide e Sacavém” e a “Viragem ao Tejo”.
Mas importa ter-se bem presente, que o PDM salamandrico que agora entrou em vigor, vai precisar da mais breve revisão que for possível, para incorporar o rumo estratégico que o Plano Estratégico definir, pelo que este último terá de ser célere e objectivo.
 
In Notícias de Loures, Junho 2015