28.12.07

Anti-mensagem de ano novo. Dedicada por mim ao Primeiro-Ministro Sócrates e ao Tratado de Lisboa

Vence na Vida quem diz Sim

Vence na vida quem diz sim
Vence na vida quem diz sim
Se te dói o corpo, diz que sim
Torcem mais um pouco, diz que sim
Se te dão um soco, diz que sim
Se te deixam louco, diz que sim
Se te tratam no chicote, babam no cangote
Baixa o rosto e aprende o mote, olha bem pra mim
Vence na vida quem diz sim
Vence na vida quem diz sim
Se te mandam flores, diz que sim
Se te dizem horrores, diz que sim
Mandam pra cozinha, diz que sim
Chamam pra caminha, diz que sim
Se te chamam vagabunda, montam na cacunda
Se te largam moribunda olha bem pra mim
Vence na vida quem diz sim
Vence na vida quem diz sim
Se te erguem a taça, diz que sim
Se te xingam a raça, diz que sim
Se te culpam a alma, diz que sim
Se te pedem calma, diz que sim
Se já estás virando um caco, vives num buraco
E se é do balacobaco olha bem pra mim
Vence na vida quem diz sim
Vence na vida quem diz sim
Vence na vida quem diz sim
Vence na vida quem diz sim

Se te dói o corpo, diz que sim
Torcem mais um pouco, diz que sim
Se te dão um soco, diz que sim
Se te deixam louco, diz que sim
Se te tratam no chicote, babam no cangote
Baixa o rosto e aprende o mote, olha bem pra mim
Vence na vida quem diz sim
Vence na vida quem diz sim
Se te mandam flores, diz que sim
Se te dizem horrores, diz que sim
Mandam pra cozinha, diz que sim
Chamam pra caminha, diz que sim
Se te chamam vagabunda, montam na cacunda
Se te largam moribunda olha bem pra mim
Vence na vida quem diz sim
Vence na vida quem diz sim
Se te erguem a taça, diz que sim
Se te xingam a raça, diz que sim
Se te culpam a alma, diz que sim
Se te pedem calma, diz que sim
Se já estás virando um caco, vives num buraco
E se é do balacobaco olha bem pra mim
Vence na vida quem diz sim
Vence na vida quem diz sim.

Chico Buarque

28.11.07

Muro de Vergonha



Esta é uma imagem facílima de obter. De resto, é cada vez mais fácil obter vistas destas, curtas, cada vez mais curtas, na frente ribeirinha do Tejo entre Moscavide e Vila Franca de Xira. São um dos resultados práticos e objectivos da desenfreada e selvática ocupação da margem norte do rio.


É a esta paulatina e progressiva realidade que vamos sendo sujeitos: a emergência de um verdadeiro muro de vergonha. O betão, os contentores empilhados até à vertigem, os barracões imensos ocupam ferozmente o espaço sapal entre a via férrea e a borda do Tejo.


Continua a vir-me à memória a verrinosa frase de António Guterres, quando pretendia ser primeiro-ministro, segundo a qual haveria por aí quem quisesse fazer de Loures o caixote do lixo de Lisboa. Ainda gostaria de saber o que pensa Guterres do que está feito - pelos seus governos e os que lhe sucederam - e sobre quem são os protagonistas locais deste monumental caixote do lixo em franca progressão.


Se se olhar bem a paisagem, podemos mesmo desconfiar que estamos atacados por malévolas cataratas que apenas nos dão a oportunidade de descortinar umas fraquíssimas e enovoadas imagens fluviais. É esta a paisagem que temos para apresentar, para vivenciar, para legar aos nossos filhos. Andam para aí a fazer pomposas conferências, seminários e encontros sobre Turismo... Devem estar a gozar-nos!


Mas o que é espantoso é que a coisa não vai ficar por aqui. Vamos ter mais urbanizações habitacionais e logísticas a massacrar a frente ribeirinha. Estão aprovadas e até admito que tenham incentivos fiscais, financiamentos apoiados e fundos europeus.


O simplex urbanístico é uma verdadeira pescada. Antes de o ser já o era. Como a Frente Ribeirinha Norte do Tejo bem o demonstra. Quais planos estratégicos regionais, quais planos directores, qual planeamento, qual carapuça.
Vivam as cataratas. Se calhar, quanto menos virmos melhor. E se não pensarmos nada a respeito destas coisas vamos deixar muitos políticos e patos bravos satisfeitos, ufanos e mais confortáveis na vida.

3.10.07

Erros de casting...

Por associação de um conjunto de factores que ocorreram dispersos, aparentemente sem ligação entre si e de informações várias, fragmentadas, bem como a observação de atitudes e condutas, permito-me concluir que estão já em marcha vários erros de casting no Concelho de Loures, tendo em vista as próximas eleições autárquicas.

Ninguém de bom senso presumirá que as escolhas feitas pelos Partidos (ou até mesmo nas agora modernaças listas de cidadãos independentes) para as candidaturas eleitorais às Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia, são exemplarmente democráticas e meritocráticas. A ninguém passará pela cabeça – creio – que as datas em que se procede a selecções, a posicionamentos, a alianças e a disputas internas ocorrem de acordo com os calendários anunciados pelos partidos. Se alguém pensa isso, pois que se desiluda porque não é assim que se passa.

Em formações políticas mais dadas a barganhas e lutas intestinas pelo poder interno e externo, tais guerras não apenas são mais violentas - aos olhos da opinião pública - como começam em prazos de antecipação consideráveis. A formação de grupos de apoio, a negociação de lugares e prebendas futuras - se a candidatura for bem sucedida - demoram tempo a fixar e a consolidar.

Noutros, que fazem da discrição o seu modus operandi, o processo é menos negociado e menos demorado, o que não significa que os candidatos/as a candidatos/as não comecem bem cedo a posicionar-se (às vezes até mais cedo que os outros), a fazer alianças tácticas, a procurarem mostrar “trabalho”, a empunharem uma ou outra bandeira local e/ou interna.
Ninguém assume nada, mas tudo já está em marcha, afinal.

Pelas movimentações de que me pude aperceber, estão a lançar-se para putativos candidatos pelas mais importantes formações partidárias vários indivíduos - alguns já bem nossos conhecidos – com objectivos definidos… para 2013.

Sim, sim, sem surpresa. No PS, PSD e PCP, se é certo que as máquinas partidárias, as estruturas formais nada decidiram ainda, não faltam já aqueles que em cada partido vão desenvolvendo a sua própria campanha, para se colocarem bem em 2009, porque têm ambições para 2013.

Recordo – aos menos atentos – que com a limitação de mandatos, muitos dos actuais Presidentes, da Câmara e Juntas, terão obrigatoriamente de sair, pelo que poucos haverão com “trabalho feito” a disputar eleições. É a oportunidade de ouro para os que querem chegar a presidente/a ou até mais prosaicamente, ser apenas candidato/a e ter os seus minutitos de fama, nem que seja na sua rua ou junto da família !

E podemos estar certos que, como nas antigas telenovelas venezuelanas, nos próximos tempos os gestos dirão o que a boca nega (veementemente, se for caso disso, para fazerem de conta que não pretendem nada e até estão desinteressados).

Mas e porque é que eu acho que estão em marcha vários erros de casting ?

Em primeiro lugar, porque se verifica que há muita a gente que quer ser presidente de qualquer coisa, sem cuidar – porque não pode a esta distância – de quais serão as condições concretas de exercício de um qualquer cargo com tanta antecedência. Portanto, só se pode concluir que se quer poder: a) porque sim; b) porque se representam interesses que não são exactamente os das populações a serem “governadas”;

Em segundo lugar, porque das personagens em movimento – nem sempre piores do que aquelas que estão instaladas – não avultam qualidades, méritos e visão na medida do que precisa o Concelho de Loures e as suas freguesias;

Em terceiro lugar, porque as estruturas partidárias inevitavelmente vão fazer escolhas com estes proto-candidatos a fazerem ruído e a esbracejarem para alcançar o lugar sonhado e isso, perturbará qualquer escolha por mérito (por mérito entenda-se aqui reconhecida competência, honestidade e dedicação).

Ficará prejudicado quem poderia avançar por razões de projecto, de objectivo colectivo, de programa em que os cidadãos fossem os destinatários e beneficiários. Logo, ficam prejudicados os interesses colectivos em favor de interesses particulares e de grupo

E pelo que já vi e já percebi, lamentavelmente, teremos muitos erros de casting…

13.9.07

Um novo tempo: o dos círculos não circulares

No Concelho de Loures ocorre um estranho fenómeno que tenho vindo a procurar investigar nos meus parcos tempos livres. Na verdade, não consegui ainda obter uma explicação científica e por isso exponho publicamente as minhas dúvidas, porque pode alguém saber e se quiser fazer o favor de me explicar, poupa-me um tempo danado.

Já fiz incursões no domínio da física, quântica e nuclear. Interroguei especialistas em química. Indaguei reputados astrónomos. Passei a pente fino os últimos desenvolvimentos da geografia física e investigadores especializados em fenómenos naturais, sejam furacões, sismos ou vulcões. Matemáticos experimentados pronunciaram-se também, sem conseguirem ser clarividentes.

Mesmo nos domínios disciplinares das ciências sociais, como a economia – que explica tanta coisa – ou a psicologia ou a sociologia que estudam comportamentos individuais e colectivos, pouco se consegue de consenso científico. Nem a arqueologia, tantas vezes ponte de passagem a um passado que julgamos inescrutável, elucidou das suas descobertas da matriz humana sobre a terra, uma insofismável razão de ser da coisa.

Em desespero, olhei mesmo para a astrologia - que de ciência nada tem, mas devemos manter o espírito aberto não é ? – e nem de esguelha, nas cartas, nos ossos de galinha ou no óleo a ferver, encontrei fundamento da problemática.

Os únicos apoios objectivos que encontrei foi no domínio da língua: os dicionários.
Num deles, consegui esclarecer – pode dizer-se – cabalmente, o que significa esta conhecida palavra, que está na origem do estranho e recorrente fenómeno: ROTUNDA.

Vejamos a sua definição:

Rotunda
do Lat. rotunda, redonda
construção circular e terminada em cúpula redonda;
praça de forma circular ou semicircular
.

Semicircular
do Lat. semicirculare
que tem forma de semicírculo;
relativo a semicírculo.

Semicírculo
do Lat. semicirculu
metade de um círculo;
transferidor;


Círculo
do Lat. circulu
porção de plano limitada pela circunferência;circo; cinto; anel; aro; giro; área; circunscrição territorial;


Parece pois poder concluir-se a um nível linguístico que rotunda será uma construção circular ou, pelo menos uma porção de plano limitada pela circunferência.

Esclarecido o que é uma rotunda, restava esclarecer, evidentemente, porque é que nem sempre é assim e, em particular, porque não é assim em Loures. Pois quem venha de um qualquer outro município ou país habituado a esta regra – pelo menos linguística – verá que não se aplica no Concelho de Loures.

Aqui, as rotundas ou não são construção circular ou podem mesmo ser construção triangular, bicuda, hexagonal ou uma qualquer outra forma decorrente de uma avanço matemático-científico só ao alcance de engenheiros, arquitectos ou empreiteiros à beira da falência visionários. Também Presidentes de Junta e similares têm tido excelentes contribuições na definição de interessantes formatos de… rotundas.

Neste inventivo processo de recriação científica, urbana, urbanística e circulatória tomam parte activa e promocional a Câmara de Loures e a EP - Estradas de Portugal, instituições públicas muito dadas a apoiar os novos valores da geometria avançada.

Ao que consegui apurar, basta que um processo urbanístico ou de alteração viária chegue a uma destas entidades para que imediatamente: 1. Se confirme se tem rotundas previstas (se não tiver, terá de ter); 2. Se as rotundas previstas forem redondas têm de assumir outra forma qualquer (se não o processo empanca).

Dizem-me que são estes processos dinâmicos que levam à evolução científica, social, política, económica, cultural e coisa e tal. Como Pombal, que quis avenidas largas e hoje reconhecemos o bem que fez, também os decisores de agora na Câmara de Loures e na sucedânea da Junta Autónoma das Estradas querem e estão a fazer história.

Abriram, logo na nossa terra (podiam ter ido inventar para outro lado, não era?!), um novo tempo e uma nova dimensão para a matemática moderna, uma verdadeira ruptura epistemológica: os círculos não circulares.

Só me apetece proclamar, como qualquer presidente de comissão de festas da aldeia: Um grande bem hajam!


Vejam-se alguns exemplos, de norte para sul:


Santa Iria da Azóia, ligação da EN 10 com o IC2, frente ao Hotel VIP

O que devia ser uma rotunda, é um monte de triângulos, decorados com mato e uns semáforos. Uma beleza para a fluidez do trânsito e para a promoção turística do Concelho. Qualquer um fica deslumbrado...



Bobadela: rotunda em construção para ligar o Bairro da Petrogal à EN 10.

Lindíssima, fino recorte, embora não consiga ser circular.Quem é que escreveu no projecto que seria uma rotunda ?!



Bobadela: ligação da EN 504 à EN10, junto à ponte do Trancão.

A Estradas de Portugal exigiu uma rotunda. Obtiveram-se umas formas criativas interessantes: bicos, arredondados nas pontas. Excelente!

Sacavém, ligação ao Prior Velho e Camarate junto à Courela do Foguete e Quinta do Mocho.

Um verdadeiro arrojo conceptual. Um círculo alongado para os lados que sobe e desce, ginga e salta e quase dança a rumba. Sem paralelo.


Caso se justifique, dispomos de mais alguns exemplos que podemos fornecer a estudantes e investigadores interessados, cidadãos participativos e políticos intervenientes...



27.8.07

Costa, Costa, Autarca à parte.


O Dr. António Costa, actual Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, é tido como um valor sólido na política nacional e, sobretudo, no Partido Socialista, onde já desempenhou quase todas as missões importantes.

Num breve aparte, direi que lhe falta ser secretário-geral do PS e primeiro-ministro e de acordo com as más línguas, foi recentemente empurrado por Sócrates para a candidatura à Câmara de Lisboa, para que não estivesse no Governo a fazer sombra (e quem sabe se a cama, politicamente falando, bem entendido) ao próprio Sócrates, que gosta pouco que lhe façam frente e que hajam outros a destacar-se tanto ou mais que ele.


Creio que o Dr. António Costa nunca fez mais nada de substantivo a não ser política, mas pela idade que tem e a respeitabilidade e projecção já alcançada, parece ser um político com futuro.

Eu, como noutros escritos já publicados e postados, recentemente e quando António Costa foi candidato à Câmara de Loures, tenho tido e tenho suscitado as maiores dúvidas em relação às suas qualidades, sensibilidade e visão para ser autarca.

Bem se sabe que nem todos temos jeito para as mesmas coisas, se não, seriamos todos Cristianos Ronaldos, de finta estonteante, o centro das atenções mediáticas, candidatos a "melhor do mundo", um must para as mulheres, como sonhamos ser e nos esforçamos todos os dias.

E cá para mim, o Dr. António Costa não tem jeito para ser autarca. Quer na sua primeira incursão autárquica, reforçada de burros e ferraris, quer na conquista de Lisboa, beneficiando da fragilidade dos adversários, o Dr. Costa-autarca perdeu-se em promessas e compromissos insignificantes, incoerentes, insuficientes, incompletos e insatisfatórios. Se era muito mau para Loures, na Capital é péssimo.

Se de Loures saiu muito rapidamente, porque não ganhou e as suas propostas não tinham profundidade, aceitação e consistência, já em Lisboa, estará pelo menos dois anos e quererá estar os quatro seguintes ou pelo menos a deixar caminho aberto ao PS. Por isso, está a tentar executar as suas promessazitas de trazer por casa, como a do encerramento ao trânsito, aos Domingos, do Terreiro do Paço.

Mas será que eu discordo do encerramento do Terreiro do Paço ao trânsito aos Domingos? Nem pensar, é claro que não! É uma boa medida. A ideia é boa e apoiável. Só que é nestas coisas que se revelam os autarcas de dimensão... e os outros.

Desde logo pergunto, porquê apenas ao Domingo ? Nem ao menos no fim de semana ? É bem sinónimo da timidez, da falta de convicção, da incerteza, do medo de desagradar. De resto, não poderia ser de outra maneira, já que não há qualquer outra medida complementar que crie alternativa. Trata-se de encerrar um pedaço da Cidade, pura e simplesmente.

Se ao menos houvesse um esquema de aluguer ou empréstimo de bicicletas como em tantas capitais europeias. Se ao menos houvessem transportes colectivos alternativos e frequentes. Se ao menos estivesse a desenvolver-se uma eco-via na margem do Tejo, ligando o Parque das Nações a Algés.

Não, nada. Fecha-se um bocado da Cidade e pronto, passamos a ser felizes, amigos do ambiente, passamos a divertir-nos muito (ao Domingo), passamos a ter uma capital modernaça, mais arejada, menos ruidosa, taramtantam, tarantantam...

Não, nada disso. Ontem, Domingo, o encerramento avulso de parte da Cidade resultou apenas que os muitos (e foram mesmo muitos) automobilistas - vindos de norte - que foram apanhados de surpresa pelo corte de vias e acessos, se aglomeraram na Avenida Infante D. Henrique, foram empurrados para dentro da Rua da Alfândega, forçados a subir a Rua da Misericórdia ou a espalhar-se por ruelas, estreitas, sinuosas e bloqueadas.

O resultado prático foi muito barulho, buzinadelas, acelerações despropositadas, maior contaminação atmosférica, crispações, discussões, aborrecimentos. Pelo que vi, nada nem ninguém ganhou com a medida, com a precipitação da medida, com a demogogia que a medida envolve.

Pois não me parece que este seja o caminho para Lisboa. Pelo contrário, isto são barreiras, apenas barreiras, para se viver a Cidade e para viver na Cidade. E a progressiva desertificação é se calhar o maior problema de Lisboa, problema cuja complexidade não se resolve nem desta forma, nem com a intensificação urbanística dos anéis de crescimento de Lisboa.

Se o novo Presidente da Câmara de Lisboa, não perceber isto rapidamente e não inflectir o caminho, confirma-se a minha suspeita: o Dr. António Costa não tem sensibilidade, não tem visão, não tem capacidade para ser autarca, o que não lhe belisca nenhuma das outras qualidades que lhe reconhecem.

1.8.07

Ensaio de Lucidez

Mão amiga fez-me chegar um recorte do jornal Expresso de 9 de Janeiro de 1982. Trata-se de um trabalho jornalístico de Leonor Pinhão que, a propósito da vinda a Sacavém do então primodivisionário Rio Ave Futebol Clube para um jogo da Taça de Portugal, fala com 3 dirigentes do Sacavenense da época. Já lá vão portanto 25 anos.

O título da peça jornalística, sintetiza bem, o tom e conteúdo da entrevista daqueles dirigentes, cujos nomes saliento: António Cardoso, José Manuel Tavares e José Teixeira.


As certezas, problematizações, questionamentos e dúvidas que emergem desta, aparentemente, entrevista colectiva são, do meu ponto de vista, um verdadeiro ensaio de lucidez. Os anos e o cúmulo de erros prosseguidos, sobretudo nos últimos anos da vida do Sacavenense, são o melhor atestado da pertinência das reflexões que alguns dos dirigentes faziam. Sublinho, para quem desconheça, todos eles Vice-Presidentes, portanto, necessariamente bem conhecedores da realidade do Clube e dos clubes da sua igualha.


Readquire sentido, invocar o problema da "viabilidade económico-desportiva" então analisada, porque apesar de na altura o Clube "não estar afundado em dívidas", já se dizia que "a sobrevivência do Sacavenense passa por uma profunda remodelação das suas estruturas." Ao que se acrescentava que "há já uma comissão a estudar uma proposta que será discutida em Assembleia Geral".


O certo é que, 25 anos depois deste ensaio de lucidez, o Sacavenense está afogado em dívidas, a sua estrutura não foi profundamente remodelada e a sobrevivência está em causa como nunca esteve. É mais um Clube e sobretudo uma referência nacional que está moribunda, gravemente comprometida.

Pretendo pois salientar que avisos não faltaram e com tempo e, hoje, ao que parece, ao que se sabe, o Sport Grupo Sacavenense, enfrenta aquela que é talvez a sua pior crise de sempre. Triste ironia: resistente exemplar à ditadura, corre o risco de baquear e sucumbir em plena democracia, num regime e tempos em que seria de esperar que os Clubes e o Movimento Associativo em geral tivessem outra dinâmica, pujança e apoios.

Não daqueles apoios, como os últimos que tem tido que o empurraram em direcção ao abismo. Não os apoios miríficos e virtuais da gestão das expectativas de que seria carregado em ombros, à custa de dinheiros públicos, até ao mais alto píncaro do futebol nacional (dislate só comparável aquele que proclama que a futura Capital do país será Loures). Não certamente os apoios que se traduzem em meras mudanças de relvados.

Só desejo e espero que os associados do Sacavenense fazendo jus ao passado e justiça ao futuro da Instituição tenham a argúcia, a inteligência e o sentido de oportunidade de não embarcarem em novos aventureirismos, de não alinharem com oportunismos, de não fazerem opções inconsequentes e não aceitarem tutelas paternalistas e caritativas.

O Sacavenense pode e deve ter um projecto de futuro. Acredito que encontrará o seu caminho e que finalmente tenha lugar a profunda remodelação das suas estruturas (e acrescento eu, dos seus objectivos). Só isso, pode proporcionar a superação das inúmeras dificuldades que vai ter de enfrentar nos tempos mais próximos.

O imenso problema que está colocado é também, talvez, a sua melhor oportunidade regeneradora. Haja lucidez!





13.7.07

Tantos olhos, vistas curtas!

Teremos no próximo domingo eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa. Não sou eleitor em Lisboa, mas ninguém pode ser indiferente ao que se passa na Capital (embora haja para aí um projecto do Eng. Carlos Teixeira para mudar a capital para Loures, não é?).

Vi, necessáriamente, a campanha eleitoral à distância, pelo que certamente não me foi possível apreender todas as propostas dos candidatos. Não tive oportunidade de conhecer nenhum programa eleitoral, se algum dos candidatos o tem.

Contudo, fiquei muito preocupado. Apesar das eleições serem intercalares e portanto, o mandato a cumprir antes de novas eleições, ser de apenas 2 anos, não será de crer que qualquer dos candidatos não ambicione, ganhar nestas, para também ganhar nas próximas. Portanto, será de admitir que as candidaturas têm pelo menos um horizonte de 6 anos e não apenas de 2.

Nesta circunstância, o que para mim avultou desta campanha, foi uma confrangedora ausência de visão estratégica, que considero relevante em qualquer município e, por maioria de razão, no município Capital.

É claro que o debate em torno do aeroporto e o futuro da Portela é muito importante, mas no plano municipal a discussão está de pernas para o ar. Ou seja, antes de mais, importa discutir que Capital, que Cidade se quer para o futuro e então depois fazer as opções parcelares que conduzam ao objectivo e não o contrário. Por exemplo, se se ambicionar uma Cidade apostada no turismo, num centro de negócios, então se calhar trará alguma vantagem o aeroporto dentro da Cidade. Mas o mesmo é verdade se se pretender uma Cidade de Cultura ou um Exemplo Ambiental ?

Quais são as "utopias" dos candidatos? Não percebi. Que visão estratégica apresentam ? Não percebi.

Alguns ainda titubearam umas desconexas tiradas sobre a "competitividade" com Madrid ou Barcelona, mas que mais me pareceram, a reprodução automática de um discurso confuso que ouviram ou leram algures e, sobretudo vazias de conteúdo. O que á afinal lá isso da "competitividade" ? Competir em quê ?

Alguém ouviu aos candidatos outra coisa que meras iniciativas que me atrevo a classificar de paroquiais ? Os grandes problemas da Cidade, são a desertificação do seu centro e dos bairros históricos, o trânsito caótico, o sistema de transportes, o estacionamento, o emprego e a sua qualidade, a poluição, a especulação que origina a construção habitacional desenfreada muito para além das necessidades, entre outros, que têm uma característica em comum: não são passíveis de resolução apenas na Cidade, no Concelho de Lisboa.

São temas e problemas que dizem respeito e se resolvem no âmbito da área metropolitana, que precisam envolver os municípios a norte e a sul do Tejo, que requerem a sua participação activa, cooperante e mutuamente vantajosa. Lisboa tem inevitavelmente de subir para o pedestral da sua capitalidade, mas não pode ser sobranceira e ignorar ou subalternizar os demais municípios metropolitanos. Todos têm a dar e a receber da Capital. Os futuros responsáveis políticos de Lisboa não podem ignorar isto.

Os candidatos ignoraram. Lamentavelmente.

Foram 12 as candidaturas, portanto muitos candidatos, muitos cérebros, muitos olhos. Infelizmente, só me apercebi de vistas curtas. Tímida excepção para a candidatura de Ruben de Carvalho que faz uma "urgente" referência ao cariz metropolitano das opções políticas a tomar.

E não me consigo esquecer que quando António Costa foi candidato em Loures, colocou na minha caixa do correio um panfleto em que me propunha que eu lhe comunicasse, se ele fosse eleito Presidente da Câmara, se havia um buraco na minha rua, um passeio estragado ou uma sarjeta entupida que ele resolveria logo o problema...

Era deste quilate a visão que tinha para Loures. Será uma gestão "tipo Costa" que tornará Lisboa uma Cidade competitiva ? Será esta abordagem que resolverá as grandes questões da Cidade ?

Como sou de fora, permito-me usar 3 votos: 1. Neste quadro de sofríveis candidaturas, voto para que nenhum candidato tenha maioria absoluta; 2. Voto para que seja possível a formação de uma maioria que pelo menos não estrague mais; 3. Voto, para que daqui a 2 anos, possam haver candidaturas credíveis, que pensem grande e olhem largo, respeitem e mobilizem pela causa da Cidade os lisboetas e os seus visitantes.

Acredito que com uma Capital melhor, viverei melhor em Loures.

21.6.07

Adeus tristeza…



Adeus tristeza, até depois
Chamo-te triste por sentir que entre os dois
Não há mais nada pra fazer ou conversar
Chegou a hora de acabar


Invoco o poema de Fernando Tordo, porque está dito pelo poeta, aquilo que quereria dizer e não seria capaz com a simplicidade e força com que ele o faz.

Infelizmente, a minha tristeza é a minha terra, a minha Cidade. Sacavém.

Por circunstâncias da vida que não vêm ao caso, há 2 anos que deixei de residir em Sacavém. Foi uma decisão difícil. Por muito racional e pragmático que se seja em tais ocasiões, a emoção, os sentimentos e a afectividade, quase sufocam a razão.

Não duvido que decidi bem. Venceu a razão e ainda bem. Muitos factos e acontecimentos posteriores vieram comprová-lo. Para além disso, aquando da decisão, estavam encontrados “factores de compensação”, porque afinal iria continuar a trabalhar em Sacavém, ali vive a maior parte da minha família, por ali estão os amigos, lá perduram as instituições que me ajudaram a ser a pessoa que sou, em especial o Sacavenense e o Partido.

Costuma dizer-se que as pessoas passam e as instituições ficam. Assim é. Não perdi e não perco todo o respeito, admiração e afecto por estas instituições. A nenhuma viro definitivamente as costas. Como disse, ajudaram-me a ser quem sou. Isso não é coisa que se renegue. É como se ficasse gravado no nosso código genético…

Contudo, as instituições, estas instituições são, as pessoas que as compõem, aqueles que as moldam, as que lhe dão dinâmica, vida e objectivos.

Com o progressivo desaparecimento ou afastamento, por razões de idade ou outras, das figuras de referência destas instituições, vejo hoje instalar-se e sedimentarem-se os problemas gerais da Cidade, o que me causa enorme desapontamento.

Os herdeiros em funções revelam-se as mais desajeitadas e grosseiras imitações dos velhos dirigentes e activistas. Ao contrário destes, sem alma e sem vontade, sem imaginação e empenho, sem causas nem objectivos, parecem obscuras comissões liquidatárias.

As entidades que eu esperava - tive essa expectativa, se calhar forçada pelo afecto - poderem vir a ser o contrabalanço na desgraçada situação da minha terra, estão como ela: tolhidas, sombrias, entristecidas, apagadas, apenas sobreviventes. Como se estivessem ligadas a uma máquina invisível de suporte à vida, que as medica, alimenta e fornece oxigénio, mas ainda assim não as liberta do estado comatoso.

Mantêm-se vivas porque não podem morrer. Estão quase mortas porque são incapazes de viver.

E este é o meu ponto de ruptura emocional e psicológico.


Apesar da contínua degradação da vida da Cidade, seja qual for o ponto de vista que enfoquemos: desporto, cultura, limpeza, relações sociais, educação, saúde, trânsito, etc., etc., contava que pudesse haver uma reserva de força, motivação e criatividade, capaz de dar luta, de resistir de novo, de construir a alternativa que a Cidade precisa.

Seria preciso construir uma esperança, reunir as pessoas e as suas reservas de ânimo, traçar objectivos e caminhos colectivos, despertar as consciências e envolver as inteligências, conquistar melhorias a pouco e pouco e todos os dias. Acreditar e fazer acreditar.

Lamentavelmente, são outras coisas, outros fenómenos, outros interesses, outras inépcias que se movimentam, se jogam e se consolidam. Afinal, um retrato sócio-político do fracasso da Cidade.

A mim, já me parece, desperançado, que a mediocridade veio para ficar. Perdoem-me se não a consigo continuar a partilhar convosco. Atingi o meu limite.

Na idade em que estou, não posso permitir-me o luxo que a mágoa e revolta que sinto por tudo isto, me cause úlceras ou uma qualquer neuropatia. Estrafeguei a emoção e voltei a dar asas à razão. Vou libertar-me de Sacavém.

Adeus tristeza, até depois
Chamo-te triste por sentir que entre os dois
Não há mais nada pra fazer ou conversar
Chegou a hora de acabar

Na minha vida tive beijos e empurrões
Esqueci a fome num banquete de ilusões
Não entendi a maior parte dos amores
Só percebi que alguns deixaram muitas dores
Fiz as cantigas que afinal ninguém ouviu
E o meu futuro foi aquilo que se viu

Na minha vida fui sempre um outro qualquer
Era tão fácil, bastava apenas escolher
Escolher-me a mim, pensei que isso era vaidade
Mas já passou, não sou melhor mas sou verdade
Não ando cá para sofrer mas para viver
E o meu futuro há-de ser o que eu quiser

15.5.07

Já é oficial: Aliança (PS + 1/2 PSD) na Câmara de Loures

Aí está o que há muito se esperava na Câmara de Loures. Uma aliança de conveniência e oportunidade entre o PS no poder e metade do PSD, que assim fica na ambígua posição de metade no poder e metade na oposição. Não fosse assunto sério, só daria para rir!

O que parece inquestionável, é que esta aliança de circunstância, não é mais do que a expressão de uma cisão no PSD, entre aqueles que prosseguem objectivos políticos gerais e aqueles que estão na vida politico-partidária para tirarem dela o que podem. Disso, tira também partido, o Presidente da Câmara, que cada vez mais congrega à sua volta um estranho "bloco central dos interesses particulares".

O Vereador desta curiosa aliança coxa, após ter substituido o deputado-vereador-economista Frasquilho, desde cedo, deu a perceber as suas intenções: ascender ao poder a qualquer custo. Pode dizer-se que é já um vereador de sucesso, mesmo que tenha vendido a alma ao diabo, lá chegou onde queria.

Infelizmente, há muito boa gente que acha, que interessa pouco que meios se usam, desde que se atinjam os fins. Esses, hão-de apoiar vivamente, o feito Galhardo deste desconhecido vereador.

Contudo, para os outros, emerge a principal questão: que vai este senhor fazer nos pelouros municipais que agora lhe foram atribuidos?

Quem é que conhece ao senhor uma ideia, um projecto, um propósito, para aplicar nos importantíssimos domínios agora sob a sua responsabilidade?

É evidente que vamos esperar para ver, mas é quase certo, que veremos acelerar (com o seu suporte e o seu voto) a descaracterização do Concelho e a intensificação urbanística, os negócios imobiliários e a especulação com o território.

Essa é a "pedra de toque" da actual gestão municipal, que precisava urgentemente - após alguns reveses - de um suporte para prosseguir esse caminho que escolheu e, não vejo que Carlos Teixeira, tenha dado a este ilustre desconhecido, o "tacho" sem as indispensáveis contrapartidas.
O problema é que seremos nós e os nossos filhos a pagar com juros e a longo prazo, o poleiro a que este senhor ascendeu. Pode ter um bom negócio para ele e para o PS de Loures. Não será de certeza negócio recomendável para mais ninguém!

Era isto que queriam os eleitores do PSD ? Deixo a interrogação ao Dr. Marques Mendes e aos eleitores do PSD do Concelho.

A todos os munícipes deixo o alerta: ou reforçamos a vigilância democrática e rapidamente construimos uma alternativa de gestão na Câmara Municipal ou teremos, urbanizações, armazéns e Lidl's a entrarem-nos portas dentro. Já não faltam por aí exemplos.

Algo me diz que este Galhardo senhor vai ficar na história deste Concelho, se não correrem com ele depressa!
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4.5.07

A Senhora Directora fez anos !

O que aqui denuncio, garanto-vos, não se passou em qualquer república das bananas perdida na distante américa do sul. Não!. Foi aqui mesmo em Portugal, país da velha Europa, membro da União Europeia, quase, quase, a assumir presidência da dita.

Para minha vergonha e indignação, passou-se no Concelho de Loures!

A Senhora Directora de um Museu Municipal fez anos. A redondíssima conta de 50. (ena! quantos de nós poderão garantir que conseguirão tal feito?).

Evidentemente, não é tal coisa que me envergonha. Pelo contrário, o acontecimento é digno de registo e de comemoração.

O que me espanta é exactamente a comemoração, ou melhor, o modo como foi feita. Caso se tratasse de comemoração privada, ou pública que fosse, mas integralmente paga por quem a devia pagar, feita com meios e recursos de quem os devia investir, nada a assinalar, só celebrar!

O problema é que eu e todos nós, municípes-contribuintes e contribuintes-municípes, pagámos, pelo menos em parte, a festarola do meio século da Senhora Directora!

Ora aí está a "bananada" que eu referia no início do texto. A Senhora Directora confundindo - à boa maneira sulamericana - o seu papel de mera Directora com o de pretendente Detentora , dispôs do Museu, das viaturas municipais, dos funcionários, dos telefones, dos seguranças e de todos os demais recursos municipais que lhe davam jeito para o evento e lá promoveu a sua festa, em sua honra, com os seus convidados e com o nosso dinheiro.

Houve mesmo trabalhadores municipais que foram impedidos de executar as suas tarefas, porque naquele dia não foram autorizados a entrar no Museu. Não faziam parte do rol de convidados, portanto, xô e venham cá outro dia, determinou sua Detentoríssima Directora.

Não sou jurista e não sei se é correcto juridícamente, mas já ouvi chamar a um episódio semelhante "peculato de uso".

Àparte apreciações jurídicas para as quais não tenho competência, só me resta, virar-me para o Senhor Presidente da Câmara e perguntar-lhe respeitosamente:

Senhor Presidente,
Queixa-se V.Exa. que lhe falta dinheiro na autarquia, logo, subiu-nos os impostos municipais. Este ano, já vamos pagar mais! Pergunta-se, portanto, permitiu V.Exa. esta sulamericanada saloia? Concorda V.Exa. com estes abusos de poder e do dinheiro dos municípes e contribuintes?

Aguardo com expectativa a resposta do Senhor Presidente da Câmara, mas também desafio a Assembleia Municipal a usar os seus poderes de fiscalização e a explicar aos municípes que uso anda a ser dado no Município ao nosso património colectivo e aos recursos que cada vez com mais sacrifício somos obrigados, por V.Exas, a pagar.

10.4.07

Absurditate


Usar a versão latina de absurdidade, não acrescenta nada ao tema, mas sempre trará ao artigo uma dimensão erudita, rasgando o pato-bravismo militante que está na origem do escrito.

Ocorre que, por circunstâncias pessoais, me desloquei recentemente várias vezes ao Norte do país, a última das quais por vários dias. Tive nesta última oportunidade, a possibilidade de confirmar atentamente aquilo que havia ficado apenas como vaga, mas insistente, impressão das curtíssimas estadias anteriores:

Metade do país construído está à venda e a metade livre de construção está a ser construído. Ou seja, na minha modesta opinião, continuamos um país de patos-bravos. Talvez não já daqueles que enxamearam o país de bairros e casas clandestinas nos anos 60 e 70 passados, talvez uns patos-bravos mais finos, mais legais e até de gostos arquitectónicos mais aprazíveis. De todo o modo, patos-bravos sem dúvida.

Dizem os nossos sapientes economistas e doutos analistas que, ao contrário do passado, a construção civil já não é, nem pode ser, o motor da economia. Mas constrói-se que é um fartote. Quem é que me explica este fenómeno ?

Diz-nos o atentíssimo governo (vide o Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007 – 2013) que “no que diz respeito ao Tema Valorização do Território o QREN estabeleceu a prioridade de dotar o país e as suas regiões e sub-regiões de melhores condições de atractividade para o investimento produtivo e de melhores condições de vida para as populações, abrangendo as intervenções de natureza infra-estrutural e de dotação de equipamentos essenciais à qualificação dos territórios e ao reforço da coesão económica, social e territorial

Isto porque o diagnóstico que faz e apresenta é do seguinte quilate: “Em matéria de desenvolvimento urbano e rural: expansão desordenada das áreas metropolitanas e de outras áreas urbanas, invadindo e fragmentando os espaços abertos, afectando a sua qualidade e potencial ecológico, paisagístico e produtivo, e dificultando e encarecendo o desenvolvimento das infra-estruturas e a prestação dos serviços colectivos; despovoamento e fragilização demográfica e socioeconómica de vastas áreas e insuficiente desenvolvimento dos sistemas urbanos não metropolitanos e da sua articulação com os espaços rurais envolventes, enfraquecendo a competitividade e a coesão territorial do país; degradação da qualidade de muitas áreas residenciais, sobretudo nas periferias e nos centros históricos das cidades, e persistência de importantes segmentos de população sem acesso condigno à habitação, agravando as disparidades sociais intra-urbanas; Insuficiência das políticas públicas e da cultura cívica no acolhimento e integração dos imigrantes, acentuando a segregação espacial e a exclusão social nas áreas urbanas.”

O diagnóstico, parece-me irrefutável; as prioridades do Governo, tímidas e embrulhadas em paleio que pode querer dizer tudo mas não significa nada; a realidade, é a insofismável certeza de que é tão elevado o número de habitações devolutas, de habitações em construção e das licenças para construir em cada ano que nem que regressassem os velhos machos latinos produtores de filhos em vasta prole, tais casas seriam completamente ocupadas nos próximos 50 anos.

Porque prossegue esta absurditate ?

27.3.07

Anda um espectro por aí !...

Decidi fazer esta coisa, não porque sinta que tenha de prestar esclarecimento do que quer que seja, mas também não me agrada a ideia de, pondo-me à distância, abrir a porta para todos os detractores, todos os mentirosos, todos os tementes a fantasmas e todos os ineptos políticos poderem entrar e tecer, à vontade, as suas teorias da conspiração.

Refiro-me, como já se está mesmo a ver a uma Petição On-Line dirigida ao Eng. Demétrio Alves, que está disponível na Internet e cuja autoria me está a ser atribuída, sobretudo em círculos que julgava mais próximos de mim ou de que me julgo próximo.

Parece que anda um espectro por aí. E do domínio da ficção. Assumo a subscrição da Petição e como até já escrevi, “Julgo que pode ser uma boa hipótese de trabalho, assim o destinatário queira. Eu apoio a ideia e não resisto a convidar-vos a fazê-lo também. Embora desconheça o/os promotor/es, o conteúdo da Petição corresponde à verdade e ao desejável. Por isso... apoio e divulgo”.

Mas, espantosamente, continuo a conseguir surpreender-me com aquilo que a mediocridade política e a maledicência gratuita é capaz. Vejamos:
1. Alguma vez alguém me viu esconder ou disfarçar (mascarar) para dizer aquilo que penso ou as opiniões que tenho ?;
2. Bem sei que não sou político profissional, encartado e competente, mas quem me conhece, pode passar-lhe pela cabeça, que seria pelo anonimato ou por heterónimo que desenvolveria acção política ?;
3. Será de admitir que, apesar da circunstância de ter sido uma espécie de político local e amador, serei tão incapaz politicamente, que pretenderia lançar uma candidatura à Presidência da Câmara de Loures através de um abaixo-assinado?;
4. Imaginam que eu possa não conhecer as lógicas partidárias e desconhecer que esta seria a melhor forma de “queimar” um qualquer possível candidato ?;
5. Que importância ou peso político tenho eu neste Concelho, para não me deixarem sossegado?;
6. Será que esta Petição – apesar de correcta, educada e pertinente - foi lançada exactamente para anular o candidato mais temido ?

Feitas as perguntas que se impunham, resta-me confessar, por ordem inversa:

1. Acho que o Eng. Demétrio Alves seria o melhor candidato e o melhor Presidente que o Concelho de Loures poderia ter nos próximos anos. Se a intenção era “queimar” o candidato, a minha subscrição da Petição e a divulgação que lhe fiz foi séria e sincera. Não mudo uma vírgula dessa opinião, até me ser apresentada melhor alternativa;
2. Por veemente desejo de alguns que obteve o apoio de muitos, estou afastado da actividade política e assim me manterei. Apenas os deveres de cidadania e de consciência justificam, longe a longe, atitudes de natureza política ou partidária que não recuso;
3. Fazer de mim um cadáver político e enterrar-me fundo é um fervoroso desejo de algumas iminências pardas da nossa política local. Mas isso tem uma dificuldade: como não cometo suicídio, teriam de avançar para o homicídio e aí… falta-lhes coragem para assumir o acto.
4. É-lhes mais confortável e menos trabalhosa a diabolização. As insídias e as mentiras podem ser destiladas em locais onde não se está presente para confrontar e o terreno está fértil para a sementeira…;
5. Contudo, sabe-se que não me intimido com fantasias, nem histórias de fantasmas mal amanhadas (Ah, o velho materialismo!). Sou o mesmo de sempre e, como sempre, dou a cara pelo que entendo que é certo, justo e adequado. Que ninguém conte comigo para outros carnavais.

Posto isto no meu blog, para que tenham também a oportunidade de ver que abri este espaço para dizer o que quero e quando quero. Está cá a minha cara, para que não hajam duvidas de autoria. Também podem confirmar que não tenho tido tempo nem espírito para escrever coisa nenhuma e não seria esta a animar-me a pena (aqui há uma fragilidade, porque acabei por escrever isto tudo, mas o que é que se há-de fazer ?!... Não me deixam sossegado!).

No fundo, só espero e desejo que aqueles que me conhecem, não engulam tretas mal confeccionadas e que também não se deixem intimidar. Se não existimos politicamente para dar outra dimensão ética, cultural, social e política ao Homem, para que é que servimos ?
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