10.11.04

O Estádio.

Decidi abordar o problema do Estádio por várias razões. A primeira é porque fica bem a qualquer português ser desembaraçado na arte futebolística e no “futebolês”. Em segundo lugar, porque construir estádios estava, há bem pouco tempo, cotado como um dos mais expressivos sinais de desenvolvimento de um povo. Em terceiro lugar, porque o Presidente da Câmara, prometeu aos sócios do Grupo Sportivo de Loures, enquanto fazia campanha eleitoral, que – com ele, na Presidência da Câmara – o Estádio do Clube não só seria uma realidade, como seria uma realidade imediata e exactamente no local onde fosse desejado.

Todos temos presente que mal foi eleito Presidente da Câmara, Carlos Teixeira, também fez questão de ser Presidente da Assembleia Geral do G.S. Loures, tendo nesta última qualidade, como Presidente da Direcção, um seu assessor, da outra qualidade. Confuso ? Nada disso, bem simples! O Presidente foi Presidente e o assessor também foi Presidente.

Ora bem, com tantos Presidentes e Assessor, que outro desfecho seria de esperar se não o de que em menos de nada o G.S. Loures teria o seu Estádio num instante e no local almejado ?

Dei-me entretanto conta que, afinal, não há Estádio !

E também reparei que, afinal, o Presidente da Câmara que era Presidente da Assembleia Geral do Loures, também já nenhuma função desempenha no Sportivo !

Certamente, que a ninguém passará pela cabeça, de que possa tratar-se de uma escapadela à promessa feita !? Mas concerteza que todos estamos absolutamente seguros de que não há Estádio.

É certo, que pode estar já em adiantado estado de “maquetização”!?... Mas como não acompanhei a imensa comitiva municipal que se deslocou a Barcelona para ir ver o “futuro”... de Loures... em Barcelona... em... “maqueta”, corro o sério risco de não perceber como vai de vento em popa o Estádio.

Contudo, corro menos riscos se afirmar, como afirmo, que, afinal, ao arrepio das promessas feitas em tempo de catar votos: NÃO HÁ ESTÁDIO !

Confesso que também não me interessei em ir ver o futuro a Barcelona, porque o vou vendo todos os dias, no terreno, antes de ele passar para a versão “maqueta” e também porque não hão-de dar-se novas eleições sem que todos vejamos o nosso futuro numa celebrada “maqueta de cristal” e até aposto que com Estádio e tudo, mas desta vez... na nossa terra.

Aproximam-se os tempos de renovar promessas, prometer futuros e garantir Estádios. Desta é que vai ser, podem confiar – dir-nos-ão!...

Então, nessa altura, terão passado 4 longos anos em que, para além de tudo o que esperámos, também esperámos o Estádio. E ele não chegou. E a promessa falhou. E o Presidente já desandou. E a coisa assim ficou.

Claro que já se adivinha a alegação: que não é possível fazer tudo de uma vez, que o dinheiro não abunda, que, que, que... E logo nos ocorre: Mas quem é que manda prometer tudo de uma vez ?

Mas se não há dinheiro, para quê o ilusionismo, o malabarismo e a acrobacia ?

A verdade, meus caros, é que NÃO HÁ ESTÁDIO ! E o que há, de facto, do Estádio, é o que já lá estava quando este Presidente chegou.

2.11.04

Palavra manipulada.

Permiti-me roubar o título ao livro de Philippe Breton, porque, curiosamente, havia iniciado a sua leitura, quando me chegou às mãos uma obra acabada da manipulação: a revista Loures Municipal.

Dissimulada nos seus propósitos – devia ser o instrumento de informação da autarquia aos munícipes e finge que o é – a Loures Municipal é, na verdade, edição após edição um púlpito de promoção pessoal do Presidente da Câmara. Episodicamente, têm espaço de divulgação os vereadores que lhe são fiéis e o pouco que fazem.

Por outro lado, os vereadores da CDU (quatro) e do PSD (dois) são completa e ostensivamente ignorados, quando, afinal são 6 em 11. São mais do que os do PS, mas estes usam o boletim municipal como se fosse uma ferramenta sua, particular e privativa.

Todos os munícipes de Loures pagam a factura, mas opiniões, pontos de vista e perspectivas diferentes não têm ali lugar. Ao arrepio da lei e até da jurisprudência sobre a matéria, a gestão PS da Câmara de Loures, não permite uma única linha da oposição sobre que matéria seja.

Como diz Breton, “manipular consiste, na verdade, em construir uma imagem do real que tenha a aparência de ser a realidade”. Eis a ideia lapidar, sintetizada pelo autor, que me ajudou na ligação directa e objectiva com a revista municipal.

Quem a lê, certamente, ficará com a errónea ideia que apenas o Presidente da Câmara esteve em todo o Concelho, com toda a gente, em todas as actividades municipais, das Juntas de Freguesia, das empresas, das entidades de solidariedade social, interessado e preocupado com tudo. Os outros não. Nada mais falso! A maior parte das vezes, o Presidente da Câmara passa por essas actividades, tira a foto da praxe e segue viagem, para a próxima foto…

Na última edição é aflitiva a incontrolável tentação de “apagar” os eleitos pela CDU e PSD. Apesar da sua presença em tantas ou mais actividades que o Presidente da Câmara, são “apagados” do texto e “apagados” das fotografias. Nota-se que as fotografias foram criteriosamente escolhidas, não pela sua capacidade de exprimir o que se passou, mas antes pela sua capacidade de esconder outras presenças que não a do Presidente da Câmara. Isto, meus senhores, é manipulação.