2.4.09

Prolegómenos ante-eleitorais I



QUE NÃO FALTE O VOTO… NEM QUE SEJA BRANCO.

Que vamos ter várias eleições este ano, é já coisa mais ou menos do conhecimento geral, embora não estejamos livres – como é hábito – de no dia de cada uma das eleições, em sagazes reportagens de rua das nossas televisões, verificarmos que há uns quantos portugueses, acabados de chegar da diáspora… em Marte, a dizer: Há eleições ?!... Ohhhh, não sabia!

O refúgio argumentativo será o do costume: que os políticos são todos iguais, que quem anda nessas coisas da política quer é poleiro, que a política é uma inútil e artificial discussão permanente e inclusiva, entre outros aprofundamentos mais ou menos filosóficos.

Assim, acantonados em meia dúzia de lugares comuns e filosofias de chinelo de enfiar no dedo, muitos transferem para outros a responsabilidade de fazerem alguma coisa por si próprios e… pelos outros.

Sendo certo que a vida política portuguesa e europeia não são propriamente virtuosas, sendo certo que os políticos e os partidos políticos prevalecentes não são exactamente a confirmação dos ideais de esperança, liberdade, democracia e desenvolvimento que a revolução de Abril de 1974 prometia, sendo certo que a crise nacional a que se vieram somar as crises europeia e internacional, não são culpa de outros que não daqueles que têm conduzido a política, as políticas, a economia e as relações internacionais e que tudo isto tem rostos, tem protagonistas e activistas militantes.

Sendo tudo isto certo, o que menos funciona, o que menos se deve aplicar, o que menos se deve defender, será o absentismo, o abstencionismo, o alheamento, a alienação de responsabilidades.

Tal como não podemos esperar ir despejar os filhos à porta da escola à espera que esta faça deles Homens e Mulheres, também não será de esperar que resulte a deposição das nossas vontades, das nossas necessidades, dos nossos objectivos, das nossas aspirações, em mãos incertas para fazerem medrar os nossos propósitos e desenvolver o país.

Não resultou em lado nenhum. Não vai resultar cá.

Á volta à coisa não será dada com as repetidamente afirmadas “reformas” e o sacrossanto “reformismo”, que pouco mais querem dizer que manter tudo na mesma alterando a decoração.

Ao estado a que chegamos, são precisas mudanças sérias, claras, profundas, sob pena de prosseguirem os ciclos de crise, com muitos a pagarem e uns quantos a enriquecerem.

Não advogo uma revolução armada, mas é precisa uma revolução no voto e no modo de o encarar. Como se disse já há uns anos, acertadamente, o voto é uma arma.

Usemo-la então para promover a mudança, para uma nova esperança, novos objectivos, nova vida.

A abstenção tem sido desde sempre lida, pelos detentores do poder, como uma espécie de quem cala consente, logo, não comparecer, voltar costas, não é mais do que um cheque em branco aos protagonistas das crises, das falências, do desemprego, do endividamento, dos escândalos, das nossas dificuldades quotidianas.

Que fazer ?!... Votar, afastando os do costume, dando oportunidade aos outros ou, no mínimo, votar em branco em sinal de descontentamento com as condutas partidárias, os programas políticos ou com as personagens eleitorais.

Essa será, do meu ponto de vista, a atitude necessária e se calhar suficiente para abanar o sistema, o questionar e obrigar à reflexão e mudança.

Portanto, que não falte o voto… nem que seja branco!