Evidentemente,
não irei aqui perorar sobre o “motor perpétuo” da chamada “gestão de Recursos
Humanos”, denominação que em si mesma é já, um sofisma.
Mas parece-me
que seja qual for o nome que se dê à coisa, na essência, há duas únicas
abordagens possíveis à problemática: ou se usam as decisões políticas, os meios
legais e os instrumentos de acção para dignificação dos profissionais, das
carreiras, funções e desempenho individual e colectivo ou, então, não. Ou seja,
se não se escolhe o primeiro caminho, a opção alternativa é usar as
prerrogativas políticas, os recursos legais e as ferramentas operacionais para
respeitar pouco ou nada as capacidades pessoais e profissionais e a superior
dignidade do trabalho, no fundo, entregar-se às imbricadas estratégias, cheias
de neologismos, para apenas acentuar a subordinação e os factores de
dependência.
Alegue-se, se
se quiser, que entre uma e outras possibilidades, há uma imensa paleta de
nuances. É verdade, mas ou se está - mesmo com erros e equívocos involuntários
– conscientemente de um lado ou, inevitavelmente do outro. Não acredito em
“reformismos” ou meias-tintas nesta matéria.
Ter isto
presente, tem toda a relevância no que concerne aos serviços públicos e, em
particular, nas autarquias locais. Não há qualidade, eficiência e eficácia na
prestação de serviços aos utentes e aos municípes se não houverem profissionais
respeitados, motivados, informados, empenhados.
Os salários
são aspecto central, mas não são menos importantes a adequação das funções às
competências próprias e habilitações de cada um, bem como a responsabilização
informada, a participação adequada nas decisões de organização e funcionamento
dos serviços são aspectos decisivos para a boa interpretação e aplicação das
decisões políticas, beneficiando a organização promotora e os destinatários das
políticas.
Mostram todos
os estudos e experiências de base cientifica que desenvolvendo-se as condições
de trabalho, o respeito profissional e intelectual entre decisores políticos e
executantes das políticas, fomentando o envolvimento, promovendo um
relacionamento regular e próximo e a auscultação organizada e constante , se
obtem disponibilidade, interesse e entusiasmo na aplicação executiva das
políticas.
Requer-se por
isso - achamos nós - para uma profícua “gestão dos recursos humanos”: a)
escolher o lado certo; b) reunir uma equipa de gestão sintonizada com o lado
certo; c) ter sempre presente que trabalhadores motivados é condição sine qua non para sucesso das políticas;
d) não esquecer que os trabalhadores são também utentes e municípes; e) saber
onde se quer chegar e ter objectivos parcelares claros e objectiváveis; f) ter
coragem para responsabilizar; g) ter firmeza para respeitar; h) ter
objectividade para avaliar; h) ter criatividade para solucionar; i) dedicar
tempo a ouvir; j) ter descernimento para formular; k) ter humanismo para
compreender; l) não adiar e decidir.
Muito se pode fazer sem
exigir mais do orçamento. Ouvindo bem, conhecendo bem, organizando bem,
trata-se de levar as pessoas certas para os postos certos e disseminar uma
verdadeira cultura de participação, respeito, rigor, ética, motivação e, já
agora, de serviço.
In, Notícias de Loures, Outubro 2015v