24.9.15

Reflexões sobre a gRH nos SP e nas AL

Evidentemente, não irei aqui perorar sobre o “motor perpétuo” da chamada “gestão de Recursos Humanos”, denominação que em si mesma é já, um sofisma.
Mas parece-me que seja qual for o nome que se dê à coisa, na essência, há duas únicas abordagens possíveis à problemática: ou se usam as decisões políticas, os meios legais e os instrumentos de acção para dignificação dos profissionais, das carreiras, funções e desempenho individual e colectivo ou, então, não. Ou seja, se não se escolhe o primeiro caminho, a opção alternativa é usar as prerrogativas políticas, os recursos legais e as ferramentas operacionais para respeitar pouco ou nada as capacidades pessoais e profissionais e a superior dignidade do trabalho, no fundo, entregar-se às imbricadas estratégias, cheias de neologismos, para apenas acentuar a subordinação e os factores de dependência.
Alegue-se, se se quiser, que entre uma e outras possibilidades, há uma imensa paleta de nuances. É verdade, mas ou se está - mesmo com erros e equívocos involuntários – conscientemente de um lado ou, inevitavelmente do outro. Não acredito em “reformismos” ou meias-tintas nesta matéria.
Ter isto presente, tem toda a relevância no que concerne aos serviços públicos e, em particular, nas autarquias locais. Não há qualidade, eficiência e eficácia na prestação de serviços aos utentes e aos municípes se não houverem profissionais respeitados, motivados, informados, empenhados.
Os salários são aspecto central, mas não são menos importantes a adequação das funções às competências próprias e habilitações de cada um, bem como a responsabilização informada, a participação adequada nas decisões de organização e funcionamento dos serviços são aspectos decisivos para a boa interpretação e aplicação das decisões políticas, beneficiando a organização promotora e os destinatários das políticas.
Mostram todos os estudos e experiências de base cientifica que desenvolvendo-se as condições de trabalho, o respeito profissional e intelectual entre decisores políticos e executantes das políticas, fomentando o envolvimento, promovendo um relacionamento regular e próximo e a auscultação organizada e constante , se obtem disponibilidade, interesse e entusiasmo na aplicação executiva das políticas.
Requer-se por isso - achamos nós - para uma profícua “gestão dos recursos humanos”: a) escolher o lado certo; b) reunir uma equipa de gestão sintonizada com o lado certo; c) ter sempre presente que trabalhadores motivados é condição sine qua non para sucesso das políticas; d) não esquecer que os trabalhadores são também utentes e municípes; e) saber onde se quer chegar e ter objectivos parcelares claros e objectiváveis; f) ter coragem para responsabilizar; g) ter firmeza para respeitar; h) ter objectividade para avaliar; h) ter criatividade para solucionar; i) dedicar tempo a ouvir; j) ter descernimento para formular; k) ter humanismo para compreender; l) não adiar e decidir.
Muito se pode fazer sem exigir mais do orçamento. Ouvindo bem, conhecendo bem, organizando bem, trata-se de levar as pessoas certas para os postos certos e disseminar uma verdadeira cultura de participação, respeito, rigor, ética, motivação e, já agora, de serviço.

In, Notícias de Loures, Outubro 2015v