21.8.10

Loures: Para a história de um declínio anunciado

O PS venceu em 2001, as eleições autárquicas no Município de Loures. Foi a escolha dos eleitores e nada há a dizer: as pessoas fizeram a sua escolha, ponto final.

O partido vencedor dizia, então, durante a campanha eleitoral, que “Loures vai sentir a mudança”. Honra lhe seja feita, o slogan tem sido cumprido. Loures mudou, mudou muito.

De exemplo na cultura e no desporto à vulgaridade absoluta, de rumo na educação ao folclore dos painéis publicitários, de orientação no ordenamento do território ao despautério urbanístico, dos apoios justos ao movimento associativo aos apoios clientelares, de uma empenhada política social ao abandono dos bairros e das políticas sociais e a lista podia continuar indefinidamente.

Em geral, dos primeiros lugares em todos os indicadores, para uma situação bem mais modesta.

Alguns dados de fontes insuspeitas - Associação Nacional de Município Portugueses e o Instituto Nacional de Estatística - em gráfico, para imediata percepção

Entre 2000 e 2007 queda é continuada. Tratando-se de dados de um período anterior à deflagração da corrente “crise” internacional, evidentemente que a "crise" aqui não tem qualquer reflexo nos dados apresentados.
Deste indicador formulado pelo INE, resulta a evolução que se vê da posição a nível nacional: em 2000 Loures estava na posição 17ª, em 2007 já estava na posição 25ª.

Por outro lado, a percentagem do Poder de Compra, que mede o “peso” de cada município no contexto do país, oferece o seguinte panorama:

Onde se confirma o “afundamento” do Município de Loures ao nível nacional:



Como é bem perceptível, Loures passou da 4ª posição no ranking dos Municípios Portugueses, para o 7º lugar.


Portanto, não haja dúvida que Loures tem sentido a mudança. É a escolha dos eleitores, sem dúvida. Mas terão os eleitores boa consciência do que nos está acontecer ?

Pois aqui ficam dados para reflexão, apenas reflexão, já que o povo é soberano e não tem que querer viver melhor, apenas tem de viver como escolher viver.


Mas há ainda um outro dado da máxima importância para se avaliar o “estado da arte” da governação PS em Loures: a evolução das receitas, ou seja, dos meios de que o PS dispôs para fazer “sentir a mudança”.

Embora não estejam disponíveis os dados referentes a 2007, a evolução entre 2000 e 2005 (últimos dados disponíveis) mostram bem como a Câmara de Loures vem tendo progressivamente mais dinheiro:


Não é fácil, por isso, perceber o discurso da “desgraçadinha” de que não há dinheiro para nada. Que por falta de dinheiro a Câmara esteja impedida de fazer tudo.


Mesmo sem falar do crescimento exponencial das receitas obtidas com as taxas do vendaval urbanístico que percorre o Concelho, a incontornável verdade é esta:


Loures, recebe cada vez mais dinheiro oriundo de impostos e orçamento de estado;
Loures, faz cada vez menos em prol dos seus munícipes;
Loures, está cada vez pior posicionado no contexto nacional.
E é isto o que temos.


A governação do PS é legítima ? Sem dúvida.


O PS na Câmara de Loures é desejável ? Que cada um conclua por si próprio e decida onde quer estar daqui a uns anos, se se continuar a descer a rampa a esta velocidade.