20.11.06

Pesada herança.

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o inexplicável cabeçudo!

É do domínio geral que o Presidente da Junta de Freguesia de Sacavém, deixará o exercício de funções em Janeiro próximo. Embora suspeite das razões para a sua saída, não vejo interesse em especular. Certamente, em tempo que considerar oportuno virá dar uma explicação pública, seja ela a verdadeira ou não.

Advirto, desde já, que tenho consideração pessoal por Fernando Marcos e o que principalmente me distancia dele é o papel político que tem exercido como Presidente da Junta de Freguesia. De facto, a confirmar-se a sua saída, completará cerca de 9 anos no exercício daquelas funções e creio que terá sido o Presidente de maior longevidade naquele cargo desde 25 de Abril. Venceu, portanto, por 3 vezes as eleições e por isso estará de parabéns.

Mas, na minha opinião, essa é a única razão para lhe dar parabéns. Já que considero que Sacavém parou nos últimos 9 anos e Fernando Marcos deixa uma pesada herança não apenas de estagnação, mas igualmente de muitos retrocessos. A Cidade está hoje, mais escura, mais suja, menos harmoniosa, menos desportiva, menos cultural. Parou o Plano de Salvaguarda de Sacavém e ele deixou, parou o Plano Salvador Allende e ele deixou, parou a ligação à 2ª circular e ele deixou, foi escandalosamente reduzido o PROQUAL e ele deixou, parou a despoluição do Trancão e ele deixou, Sacavém foi sendo cercada de betão e ele deixou, o Parque Tejo e Trancão não existe e ele calou.

Recorde-se que nos últimos anos nasceu o Museu da Cerâmica e ele nada teve a ver com isso, construiu-se o Pavilhão Desportivo na Escola Bartolomeu Dias e ele nada teve a ver com isso, erradicou-se as barracas da Quinta do Mocho, mas ele nada teve a ver com isso, iniciou-se a construção do novo Quartel dos Bombeiros mas ele nada teve a ver com isso e, feito o balanço geral, Sacavém entristeceu, perdeu dinâmica, perdeu qualidade de vida, perdeu na comparação com as suas freguesias vizinhas, perdeu capacidade competitiva e perdeu pelo caminho muitas oportunidades. E nem sequer levo em linha de conta, as prometidas piscinas.

Perdeu a oportunidade da revitalização comercial indispensável, perdeu uma década ou mais na requalificação que é urgente iniciar, perdeu a oportunidade de ter um Mercado condigno, se calhar perdeu a oportunidade de trazer o Metropolitano, entre muitas outras possibilidades. A Biblioteca Municipal foi para a gaveta.

Apenas um “símbolo” fica associado ao período Fernando Marcos na gestão da Cidade: aquele cabeçudo inenarrável na Praça da República, que se nos impõe como uma espécie de monumento ao absurdo!

Só que Fernando Marcos não esteve sozinho a governar a Cidade. Tem evidentemente as responsabilidades que tem, mas não as tem sozinho. Foi eleito por um Partido (o PS) que desde sempre se tem caracterizado por não ter nenhum projecto de futuro para Sacavém. Dispôs de confortáveis maiorias, sozinho ou apoiado pelo PSD, e o resultado é o que se vê. Estiveram – e ainda estão – no Executivo da Freguesia, companheiros de partido que acompanharam, apoiaram e são inevitavelmente cúmplices no actual estado da Cidade.

Um deles, sucederá a Fernando Marcos, como determina a lei, mas é quase certo que nada mudará quanto ao rumo, sem rumo, da Cidade.

É pois tempo de felicitar Fernando Marcos, desejar-lhe sucessos na vida pessoal e perspectivar uma alternativa séria para a gestão da Cidade. Há que fazer uma habilitação de herdeiros capaz de dar nova vida a Sacavém e resolver a pesada herança que ficou. E isso, só os sacavenenses podem fazer.
Assim seja, porque precisamos muito.

13.11.06

Uma opinião sobre uma opinião.

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O insuspeito João Nunes, veio pôr o dedo na ferida.

Tinha já chegado ao meu conhecimento o modo como se conduziram e comportaram na Festa do Centro Cristão da Cidade, alguns dos protagonistas políticos que por lá passaram.
Se tomasse eu a iniciativa de o comentar, não escaparia à sacramental observação de “lá está ele...”. Pois que seria coisa de má língua, pois que seria consequência de uma qualquer disputa pessoal, pois que seria por despeito ou coisa parecida.
Pois bem, verifico – com surpresa e curiosidade – que afinal é o Dr. João Nunes, Presidente da Junta de Freguesia de Loures, que na edição de 7 de Novembro passado do Triângulo, vem pôr o dedo numa ferida que muitos conhecem, mas que quase todos fazem por ignorar.
E não podia ser mais objectivo na classificação. Diz ele: “Não há pior para a imagem de um país ou de uma autarquia do que ter um ignorante a dirigir assuntos religiosos e sociais ou assuntos culturais”. Lapidar.
Esta singela frase, deveria merecer concentrada reflexão do Sr. Presidente da Câmara de Loures e dos militantes do PS em geral. Para hoje e para o futuro…
Contudo, ou por solidariedade partidária ou outra qualquer razão não confessada, o Dr. João Nunes limita-se a referenciar o problema, assume a máxima “olho por olho, dente por dente”, mas na hora de “chamar os bois pelos nomes”, “corta-se” e “mete a viola no saco”, escapando-se airosamente com um enigmático “aos que nada tinham a ver com a festa e que nada perceberam daquilo que se passava ali, de momento nada tenho a dizer”.
Pois quer-me parecer que isso não fica bem. Há que dar nomes à incompetência e há que identificar os ignorantes, porque só assim ajudamos os cidadãos (na festa estiveram muitos, mas não estiveram todos e, dos muitos que estiveram, só bem poucos perceberam o que lá se passou) a fazerem os indispensáveis juízos políticos sobre quem governa, seja no Governo ou na Autarquia Local.
Ora, o Vereador António Pereira que é referido, sem ser nomeado, cumpre todos os requisitos com os quais o seu companheiro de Partido o mimoseia e quem queira observar com atenção, verificará que a ignorância e mais do que isso, a ignorância arrogante, é o único instrumento de gestão e condução política que o Sr. Vereador tem, quer para os assuntos religiosos e culturais, quer para todos os demais que submeteram à sua responsabilidade.
Finalmente, alguém absolutamente insuspeito e com quem tenho marcadíssimas divergências políticas e ideológicas, vem publicamente dar-me razão (porque em privado muitos o fazem).
Se não fosse o Concelho de Loures a sofrer as consequências de uma gestão municipal ignorante, haveriam razões para ficar satisfeito com a confirmação da minha tese.Assim não. Confirma-se o que pensava e penso sobre a ignorância no poder. O pior são os resultados.
Termino esta minha opinião sobre uma opinião, aproveitando uma citação escolhida pelo Dr. João Nunes: “E chega um dia em que é preciso assumir uma posição que não é segura, nem política, nem popular, mas que tem de ser assumida porque é aquela que é certa.”
E agora, Dr. João Nunes, quando chegará o dia para assumir a posição certa ?

artigo remetido ao Jornal Triângulo

6.11.06

Interrogação Nuclear.

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À esquerda, o incómodo edifício que não deixa urbanizar mais a Bobadela.

O Governo do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Loures, através do Decreto-Lei nº 214/2006 de 27 de Outubro, decretou (artigo 19º):

2 – São atribuições do ITN, I.P. (Instituto Tecnológico e Nuclear, sito ali na Bobadela, sublinhado nosso):
a) Promover e realizar actividades de investigação científica e de desenvolvimento tecnológico e de formação avançada e de especialização e aperfeiçoamento profissional, em especial nos domínios relacionados com aplicações pacíficas das tecnologias nucleares;
b) Explorar e disponibilizar à comunidade científica instalações e equipamentos especializados que podem servir como nós privilegiados de redes de investigação nacionais e internacionais;
c) Apoiar, cientifica e tecnicamente, o Governo na execução de políticas sectoriais nos domínios da segurança nuclear e protecção radiológica, bem como em domínios envolvendo aplicações de radiações e radioisótopos;
d) Apoiar, científica e tecnicamente, o Governo em relações com organismos internacionais com actuação na área das tecnologias nucleares, bem como assegurar o exercício de direitos e o cumprimento de deveres resultantes de instrumentos internacionais relativos a este domínio;
e) Transferir tecnologia para entidades integradas nos sectores privado e público;
f) Cooperar com instituições científicas e tecnológicas afins e participar em actividades de ciência e tecnologia, nacionais ou estrangeiras, designadamente participando em consórcios, redes e outras formas de trabalho conjunto
.”

Paralelamente, o Sr. Presidente da Câmara declarou à agência Lusa que o ITN deve ser “deslocalizado para uma área que não dê origem a preocupações”, porque, segundo o Sr. Presidente “inviabiliza o crescimento normal da freguesia (Bobadela) e, consequentemente a qualidade de vida das populações”.

Ora, permitam-me lá que para além do meu estarrecimento sobre tão projectada visão estratégica, coloque algumas questões:

1) O ITN – para lá do seu formato jurídico e da sua lei orgânica que agora não quero discutir – é uma prioridade para o Governo PS, por isso o manteve e lhe atribui funções científicas e tecnológicas importantíssimas. O Sr. Presidente da Câmara “borrifa-se” nisso e acha mesmo que o ITN deve ser “enxotado” do Concelho de Loures ?

2) O ITN é reconhecidamente um dos mais avançados laboratórios científicos nacionais. O Sr. Presidente da Câmara, quer substituir o ITN pelo crescimento urbano da atravancada Freguesia da Bobadela ?

3) O ITN tem enormíssimas potencialidades científicas e tecnológicas, internacionalmente consideradas. O Sr. Presidente da Câmara acha que isso é um prejuízo para as populações do Concelho ?

Sr. Presidente da Câmara, permita-me que o questione: O que pensa V.Exa do Plano Tecnológico do Governo ?; O que pensa V.Exa. do progresso científico e tecnológico do nosso país ? Imagina quantos municípios por este país fora, desejariam ter um pólo científico como V.Exa. tem no seu e que quer deitar fora ? V.Exa. conhece o ITN e o que faz ? V.Exa. é de opinião que o Concelho de Loures tem a ganhar alguma coisa em substituir um equipamento de primeira linha científico-técnica por massificação urbanística ? V.Exa. queria a Feira Popular mas não quer o ITN ? V.Exa. queria um Casino, mas não quer o ITN ?

Resta-me uma interrogação nuclear: Sr. Presidente da Câmara, que quer V.Exa. para o Concelho de Loures ?