29.6.05

Surpresa… ou nem por isso!?...

Uma das vantagens que acabo de descobrir com o meu progressivo afastamento da actividade política activa, é a de que, agora, as pessoas parecem falar mais abertamente comigo, de matérias que não falavam antes. Exprimem opiniões, trocam impressões e dão informações sobre domínios que há pouco tempo não mereciam qualquer abordagem. Ou porque presumiam que eu estaria a par de tudo por outras quaisquer fontes ou, porque assumiriam o pernicioso princípio de que aos políticos (mesmo locais) nunca se conta tudo.

E assim, acabei por ter acesso a um estudo de opinião – que só pude consultar rapidamente – que ao primeiro contacto com os resultados me suscitou surpresa/incredulidade, mas que após alguma reflexão, talvez não seja mesmo nada surpreendente e, ao contrário, bastante crível…

O estudo revela, em traços gerais: a) uma muito negativa impressão na opinião pública do Concelho, sobre a gestão do PS na Câmara Municipal de Loures; b) a elevadíssima probabilidade do PS perder as próximas eleições autárquicas; c) há um claro empate técnico com a CDU, com um número importante de indecisos (ou que não revelam a sua opção).

A minha surpresa/incredulidade original, resultou – penso agora – da característica quase universal no poder local em Portugal, de que após um primeiro mandato, a força no poder tem o benefício da dúvida dos eleitores.

Contudo, bem vistas as coisas, não constitui surpresa o desagrado que as pessoas sentem em relação ao PS, quer no país, quer no Concelho. No governo, os cem dias de governação, foram antes os cem dias da nomeação (da rapaziada amiga) e de preparação para os 4 anos de opressão (económica).

No Concelho, o compromisso do PS de que “Loures vai sentir a mudança” foi confirmado, mas no pior sentido. Loures sentiu a mudança e de que maneira!... Todas as posições cimeiras de que Loures desfrutava no país e até internacionalmente perderam-se completamente. O Concelho está pior que há 4 anos e as principais promessas do PS não foram cumpridas. A recordar, citando o programa eleitoral (compromissos para a mudança) do PS:

“Humanizar, modernizar e desburocratizar o funcionamento da Câmara Municipal de Loures”;

“Acabar, até Dezembro de 2005, com as ‘barracas’ no Concelho”;

“Concluir, de imediato, a legalização dos Bairros Urbanos de Génese Ilegal (…)”;

“Realojar, com programas negociados com o Governo, os moradores dos bairros irrecuperáveis e recuperar as zonas habitacionais mais antigas, com prioridade para as de Sacavém e Prior Velho, tirando maior partido, em especial, do Programa RECRIA”;

Neste folheto tudo foi prometido!“Dotar o Concelho de uma rede de instalações desportivas e equipamentos recreativos e culturais, bem como de ciclovias, de zonas pedonais e de circuitos ambientais”;

“Criar a Polícia Municipal (…)”;

“Lançar um Programa de Parques Residenciais, com cedência gratuita de terreno municipal em sub-solo ou promovendo a construção de parques a custos controlados, bem como construir, em regime de concessão de exploração, Parques Públicos de Estacionamento (…)”;

“Lançar uma Agência de Desenvolvimento Local (…);

Eis algumas das mais expressivas promessas do PS que, passados quase 4 anos de mandato, não foram, nem têm qualquer possibilidade de serem cumpridas. Propositadamente, ignorei as promessas relativas a um campo de golfe em cada escola e outras enormidades.

Se adicionarmos todas estas promessas, com a séria regressão que o Concelho teve em todas as esferas da sua vida (mudou mas para muito pior), mais os 5 milhões de contos que o Executivo Municipal mantém parados no Banco, talvez então se possa concluir que não constituirá qualquer surpresa, que os eleitores e a população do Concelho de Loures recuse o PS à frente dos destinos desta terra, que se habituou a ser dinâmica, criativa, empenhada, trabalhadora e progressiva.