Este espaço é de opinião. Concentra opinião publicada por outros meios, mas também textos originais. Uma e outros têm uma coisa em comum: expressam ideias e pontos de vista próprios, por vezes, fora do carreiro.
6.1.16
E agora ?!...
Diz o Secretário-Geral da ONU,
dizem-no os Presidentes e Chefes de Governo, dizem-no os analistas e as
organizações ambientalistas que a Cimeira do Clima de Paris foi um sucesso, por
ter permitido um acordo de princípios sem precedentes – até pelo acordo dos EUA
e China, os mais destacados poluidores – em ordem a salvar o planeta e a
espécie humana. Coisas ditas – ainda assim – com uma circunspecção como se o
que estivesse em causa fosse coisa pouca, com uma relevância ao nível de uma
mera decisão da UE para regulamentar a dimensão dos parafusos das mesas de
cabeceira.
Provavelmente, são muitas as
cautelas e os caldos de galinha, porque a maioria dos países, especialmente, os
mais ricos e poderosos, passam a vida a fazer discursos grandiloquentes, mas
completamente inconsequentes. A verdade é que no dia seguinte nada aconteceu e
a vida continuou a rolar com a mesma determinação e rumo como se não tivesse
havido acordo algum. Se a decisão tivesse sido bombardear um qualquer “eixo do
mal”, já todos os aviões estavam no ar!
A verdade é que, para além de
todas as hipocrisias geo-políticas, o problema é muito sério e todos estamos
obrigados a fazer o que estiver ao nosso alcance para salvar o planeta. Não
creio que a diferença se faça pelos pequenos gestos, mas não haverá grandes
gestos se não forem impulsionados por aqueles, se os cidadãos não obrigarem os
governos a caminharem no sentido certo.
O tema remete-nos pois, também, para
o plano local. Na minha modesta opinião, as autarquias locais, no mundo, mas
igualmente em Portugal, estão obrigadas a ir mais longe do que meramente
estabelecer pactos entre autarcas, aderir a documentos bem intencionados e
proclamar principios de sustentabilidade. Ir mais longe é, objectivamente,
passar à acção.
Há tanto por fazer e há tanto que
se pode fazer. Rechaço, desde já, argumentos económicos para não se fazer nada
ou para se fazer tão pouco. As políticas de sustentabilidade só o são se forem
económica, social e ambientalmente vantajosas. Caso contrário, não passam de
conversa fiada.
Evidentemente, mudar de vida,
alterar processos, passar para uma geração de políticas de sustentabilidade
requer tempo, estudo, envolvimento, objectivos e planos, mas nem podem demorar
demasiado tempo, nem podem decorrer dentro de uma caixa. Têm de saltar para a
rua, ser debatidas e, sobretudo, precisam ser postas em prática. É o principio
do Pensamento-Acção.
Em Loures, já boas coisas foram
iniciadas ou retomadas, do Loures em Congresso (cujas conclusões, contudo,
tardam em dar-se a conhecer, bem como o respectivo rumo para o Plano
Estratégico) até à refundação da Agência Municipal de Energia.
Mas urge que o Município dê ao
ambiente e à sustentabilidade a primazia, a dinâmica e a transversalidade que
se impõe, bem como a necessária articulação de políticas do Departamento de
Ambiente municipal com a dita Agência de Energia e os demais serviços
municipais tendo em vista capitalizar resultados rapidamente.
Entre muitos outros aspectos, é preciso olhar
para os consumos das viaturas municipais, os consumos energéticos dos edifícios
municipais, a sustentabilidade da habitação social, a utilização de materiais
reciclados nas obras municipais, a implementação de um verdadeiro sistema de
gestão ambiental municipal, a verificação das condutas ambientais dos
fornecedores do Município, envolver a perspectiva ambientalista no Prémio de
Mérito Empresarial e tantas outras coisas que não significam gastos, mas antes
poupanças e, mais ainda, sejam exemplo para os agentes sociais e económicos e
também para a população. É tempo de pensar sim, mas de agir também.
Loures tem de estar na linha da
frente desta batalha decisiva. Espera o quê ?
in Notícias de Loures, Janeiro 2016
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